12.09
Pandemia gera um boom na arquitetura
Na contramão de vários segmentos que despencaram durante a pandemia, o setor da arquitetura surpreendeu. O isolamento social trouxe de volta o lar para o topo da lista de prioridades. O novo normal pede mais tempo em casa, conforto e bem-estar para a família. Um estudo realizado pela gigante em network no Brasil, a Archademy, e divulgado pela Revista Abril revela que, dos profissionais entrevistados, mais de 85% geraram propostas. A maioria dos escritórios (77,5%) recebeu solicitações de projetos focados no lar.
Sergipe acompanhou esse impulsionamento no mercado arquitetônico. Basta passear pelas redes sociais de arquitetos e designers de interiores e perceber que a movimentação tem sido notável.
Há quase 10 anos no mercado, o escritório do arquiteto Thiago Perez vivenciou o aquecimento no setor nesse período.
“Nunca tive em um momento do escritório onde em duas semanas, em cada dia, eu fechei um projeto! E os clientes querendo as coisas e comprando as ideias daquilo que a gente estava desenvolvendo. É bacana esse novo momento que estamos vivendo que fez com que as pessoas percebessem o local onde elas vivem. Antes, não se valorizava porque as pessoas viviam muito para fora da casa e agora estão vivendo muito para dentro da casa. E eu acho que próximo ano promete ainda mais que esse”.
O arquiteto chama a atenção também para o crescimento do investimento em casas que ficam em condomínios fechados.
“Só para você ter uma ideia, no final do ano passado existiam mais de 200 terrenos nos condomínios da Barra dos Coqueiros. Isso em condomínios já existentes, como Damha, Alphaville, Terras 1, Terras 2, Thai, Maikai. Hoje, se for avaliar, o Damha não tem mais terreno disponível, o Alphaville Sergipe não tem mais terrenos, o Terras 1 e o Terras 2 têm poucos terrenos. O Ville al Mare quase não tem e nem foi finalizado e o Maikai tem poucas unidades".
Depois de alguns meses exclusivamente em home office, a arquiteta Larissa Franco está de volta às visitas das obras, seguindo um cronograma estratégico, e se adaptando ao novo formato que o segmento dita.
“O retorno às obras está sendo feito com todos os cuidados, todo mundo de máscara e muito álcool em gel, cronograma mais discutido com os engenheiros para que as visitas sejam direcionadas em dias essenciais ao processo da obra. Continuo trabalhando em home office com minha equipe. Vimos que isso vai ser uma tendência dos grandes escritórios, mas mantenho meu escritório físico para reunião com clientes e reuniões da equipe. Alguns clientes ainda pedem reuniões online pela praticidade. Então eu sigo fazendo o melhor para os meus clientes, para que eles se sintam mais confortáveis”.
E com a previsão de meses aquecidos no mercado, para a arquiteta, “as expectativas não podiam ser melhores, muita obra, muita casa linda vindo por aí".
"A decoração também não fica atrás, as consultorias, que eram um tabu para muitos clientes, hoje já são vistas com outros olhos. A orientação na hora de comprar um melhor sofá ou dar aquela repaginada num projeto que foi feito anos atrás, modernizando com novo mobiliário ou até uma troca de pintura ou papel de parede. A expectativa está linda de ver. Eles sonham com a casa nova e eu sonho com eles também. Cada projeto é especial”.
Imediatismo, tudo “pra ontem”. Esse pedido que se repete a cada consulta no escritório fez a arquiteta Leila Duarte investir em uma nova ideia, um novo projeto, o Fast Decor.
“Percebi que alguns clientes estavam me chamando apenas para reestruturar os ambientes, sem muitos gastos, para uma releitura, uma renovação, desestagnar as energias. Então, com poucas intervenções, a gente estava conseguindo resultados fantásticos a ponto de emocioná-los de verdade. Foi quando surgiu a ideia do Fast Decor, que é exatamente a retomada da qualidade de vida, dando ao cliente a oportunidade de se sentir bem no espaço onde ele mora, renovando ambientes de forma rápida, requalificando a ambientação e atualizando com as tendências do mercado”.
Mais rapidez, menos custos. É justamente com esse up na qualidade de vida do cliente que os projetos vêm movimentando a rotina da arquiteta.
“Mais do que nunca, as pessoas aprenderam que a casa delas é o verdadeiro mundo, elas querem arrumar, elas querem organizar, elas querem se sentir bem e se sentir felizes, por menor que seja a intervenção, porque elas estão cada vez mais dentro de suas casas e essa urgência se deve a retomada da qualidade de vida, do bem-estar, do belo para ele e não para o mundo”.
Para acompanhar a linha de crescimento no ramo da arquitetura, a arquiteta Renata Souza ampliou a equipe e terceirizou a execução da obra para poder atender os clientes. E quando o assunto é o famoso “pra ontem”, a maior aliada é mesmo a tecnologia.
“O 3D é uma ferramenta muito útil para o nosso ramo na arquitetura porque com ele o cliente consegue visualizar a sua obra final, seja ela na construção de sua casa, seja na intervenção de interiores, em um ambiente, porque lá a gente vai expressar todo o tipo de intervenção que iremos fazer, seja de cores, de textura, de tipo de material e até o paisagismo ele consegue visualizar no 3D. Isso possibilita que, no caso de alteração, o cliente já identifique antes de executar a obra. A partir do momento que a gente apresenta o 3D a gente está resolvendo problemas futuros e isso vai trazer a questão de economia para ele na obra e de tempo pra gente”.
E se no final do ano tradicionalmente já se registrava um aumento na procura do escritório, em períodos de pandemia, é melhor se apressar mesmo.
“Esse final de ano está surpreendente! Grandes novos projetos foram fechados e confesso que temos pouquíssimas vagas para o final de ano”, comemora a arquiteta.